terça-feira, dezembro 18, 2012

Carta ao Ano

Sr. 2013,

Somos imperfeitos e esforçados.

Na maioria dos casos, não fazemos a mínima ideia do que estamos fazendo, queremos ou pensamos. Somos assim mesmo: imperfeitamente confusos. Muito irmãos seus tentaram nos ajudar a chegar ao um consenso sobre alguns assuntos bobos, que para nós é tão importante. Qual time é melhor? Qual a cor do verão? O que fica melhor com bolacha salgada? Até questões mais simples nós nos perdemos – ainda discutimos se existe ou não um Deus. É, somos imperfeitamente bobos.

Não existe estado de ser tão desorientado e desesperado que o estado de ser humano. Tentamos a todo o custo termos certezas. Pequenas e grandes certezas são a maior riqueza que procuramos. Essa certeza toma formas infantis e bizarras. Juntamos uma porção de pedaços de papel para termos a certeza de que poderemos comprar aquilo que hoje não queremos, mas vai que dá vontade. Passamos horas e horas em salas exercitando o corpo além da saúde para termos certeza de que o nosso corpo será desejado e invejado. Somos realmente muito tolos.

O fato é que somos muito bons em sermos desorientados e desesperados. Somos tão bom nisso que podemos afirmar que somos os melhores!

Então, 2013, nos receba de braços abertos! Prometemos sermos igualmente perfeitamente desorientados e desesperados como sempre fomos. Atingiremos todas as expectativas, desde que elas sejam similares a preparar delicados drinks dentro de um avião em forte turbulência.


Com muito carinho,
Ser “desorientado e desesperado” humano.

quinta-feira, agosto 02, 2012

Foda-se a rua, se ela só existe se estiver no Google Maps. Foda-se a piada, se ela só é contada por twits. Foda-se a caminhada, se ela for um check-in. Fodam-se os amigos, se eles são perfis no facebook. Fodam-se os bons momentos, se eles só servem como fotos no Instagram. Foda-se a vida, se ela só acontece no modem. Foda-se esse texto, se ele for só virtual.

terça-feira, julho 31, 2012

Democracia, oh, Democracia. Essa linda donzela de branco com uma mão apoiada sobre nossos ombros e outra atrás das costas escondendo um punhal. Nessa letal relação ou andamos na linha ou sentimos a fria lâmina da justiça tomar rasgar nossa vida e fulminar nossa liberdade.

quinta-feira, abril 05, 2012

Trecho de "O Livro que não foi escrito".

CENA: Dremodèr está no jardim de inverno de seu palacete, sentando em sua cadeira de balanço apreciando seu cachimbo. Bugzy está trabalhando no jardim. Dremodèr faz um comentário debochado sobre o medo da população local do bosque que circunda o lado Whintör e se estende pelo fale ao sul.

“Brumas, meu senhor, brumas”, disse o velho torto que pairava pelas redondezas de meu castelo como um odor fétido de visitas inconvenientes. Num pulo levantei de minha poltrona, e ajeitando meu cachimbo falei em tom dominical “bobagem, Bugzy. Seus afazeres são mais pertinentes nesses tempos imprevisíveis do que dar nomes para devaneios de peões.” Senti nos olhos de Bugzy o peso do labor esmagando suas alegrias de pessoa pequena. Bugzy era um bom empregado. Sonhador demais para quem tem por vida uma enxada.

quinta-feira, março 29, 2012

O pão branco

O pão branco é uma das grandes maravilhas do mundo moderno. Provavelmente é a maior invenção de todos os tempos. Acompanhado de qualquer condimento, ele se apresenta como o par perfeito para os sabores do mundo. Se o mundo fosse uma estrada, o pão branco certamente seria um metro para todos os sabores.

Não importa o que for, se colocar isso em uma pão branco é comprovado que teremos uma significativa melhoria no sabor. Alguns alimentos são desenvolvidos para o pão branco. Por exemplo, a manteiga é apresentada em qualquer propaganda como uma mera coadjuvante do nosso querido pão branco, vestindo-o com seu espeço terno de gordura hidrogenada.

Outro exemplo de acompanhante culinário do pão branco, que acredito ser unânime até entre os mais fervorosos oposicionista de tudo e todos, é a salsicha. Peço com esmero aos libertinos e pensadores avoados que não levem seu locutor para um lado pejorativo, mas de fato a salsicha foi desenvolvi para o perfeito encaixe no pão branco quando em forma de pão francês (para os meus conterrâneos, o cassetinho). Nada mais perfeito que uma salsicha em um pão branco. De todas as combinações existentes, essa certamente se destaca como a mais perfeita. Podemos acrescentar inúmeros elementos de apoio, mas o valoroso pão branco e a salsicha é o todo elementar da questão.

Não se engane, caro leitor, a salsicha sozinha é salsicha, enquanto o pão branco é um mundo de oportunidade de perfeitas combinações.