terça-feira, agosto 24, 2004

Uma vez, num simples dia onde o sol se esconde de todos e nada parece dizer que o tempo ainda anda, que a vida ainda encontra o seu meio ou que o sonho já acabou, encontrei um senhor junto à porta de um bar sem letreiro que me contou uma história sobre um tempo em que a sua tripulação lutava, em que ele sorria e seu navio flutuava. Contou-me com um semblante tranqüilo e conformado com os calos que as suas mãos edificaram e, que mesmo sem labor, continuava a contar-lhe todos os dias sobre sua história.
Durante a história tive a impressão de que seu olhos esboçaram uma lágrima enquanto falava sobre uma mulher, mas que rapidamente evaporou nas ríspidas palavras que fluíram de seu coração. Foi a única vez que vi tal expressão na face de um homem.
Ao terminar a história, ele sorriu com seus profundos olhos e disse sem exitar:
-Não corra por um campo sem saber onde mora o seu coração. Mas, meu filho, não se dê o trabalho de escutar tais palavras e pensar que são verdades, pois, afinal de contas, eu sou apenas um velho sentado ao lado de um bar sem letreiros, com uma caneca vazia e um coração cheio de pegadas.

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