sexta-feira, maio 25, 2007

Esse foi um e-mail que eu mandei para o meu irmão Guilherme na manhã do dia seguinte do jogo - eu diria batalha - contra o Defensor, onde o Imortal mostrou quem é o real defensor de um objetivo.

Resolvi postar o e-mail pq quando conversava ontem de noite com o Vinícius, um pouco antes de começar o show do Feijoada Completa - grupo do Luis Arnaldo -, ele me comentou sobre o que escreveu no blog dele e eu comentei sobre esse texto, dai ele perguntou pq eu não havia postado.


Segue o texto:

Havia uma tensão no ar que volta e meio era quebrada por um grito. Num campo de batalha pronto para o combate já é possível ouvir o tilintar do metal e os gritos de fúria e dor. A platéia agitada. Olhos desorientados procuravam todos os cantos por nada. Faltam somente 30 minutos agora. Todos irão dormir hoje, mas ninguém acredita que exista sono tranqüilo com uma tragédia.

Três homens de preto percorrem o campo para se certificar de que tudo está em ordem. O campo do Imortal está impecável. O palco espera uma tragédia ou uma comédia.

Foi quando aconteceu o esperado. Dos céus uma música ancestral chamou todos os espectadores a cantar em uni som um grito de guerra enquanto os combatentes entravam em campo correndo como se aquela corrida tivesse começado meses antes e a força ainda explodia no coração de cada um - e provavelmente é assim.

Sajá! Sajá! Sajá! Patrício! Patrício! Patrício! William! William! William!
Lúcio! Lúcio! Lúcio! Teço! Teço! Teço! Gavilan! Gavilan! Gavilan! Sandeu!
Sandro! Sandro! Carlos! Carlos! Carlos! Tuta! Tuta! Tuta! Amoroso! Amoroso!
Amoroso! - gritou uma nação que molhou o campo com sangue e suor!

Os adversários entram em campo violentamente afrontados por milhares de pessoas! Cada um deles pode sentir no seu interior que para todos ali seria questão de vida ou morte. Suas muralhas de concentração e motivação são devastadas pelos gritos espumantes de cada um dos endiabrados seres azuis que pulam ao redor do campo. Eles são vencidos pela torcida. Estão sem apoio e sem confiança.

A batalha começa. Foram 90 minutos onde aquele time que parecia vencedor no primeiro jogo não conseguiu erguer a cabeça e jogar. A massa tricolor encheu os ouvidos e o campo do Monumental. Aos 9 minutos Sandro lança um canhão direto para o gol! A bola é defendida, mas foi como um aviso. Tuta ainda desperdiça dois de cabeça. Está perto. Eis que o Pensador gremista tem a sua chance em uma falta de fora da área. A bola está longe, mas a patada é pesada. O chute sai com tanto veneno que passa por todos na defesa, bate no chão, engana Martín e beija a rede! Os gritos vêm da alma azul que rodeia o espetáculo!

1 X 0.

O segundo tempo seria o para o segundo, já que não tinha mais tempo para nada. Mas foi a vez da grandeza interior falar mais alto. O rebote é do Sandro, ele vê Teço livre e coloca nos pés dele com perfeição para que o zagueiro queime a rede mais uma vez.

2 X 0.

Chegou o segundo tempo. Está tudo igual. Foi um tempo de muita pressão, mas nada para o Imortal pode ser fácil. Tem que ser heróico. Épico! E foi quando chegou a hora dos pênaltis. As duas primeiras cobranças desperdiçadas do adversário e todas revertidas do Imortal deixaram Ramón, a bola, o goleiro e o gol para decidir tudo.

Silêncio devastador.

O Olímpico está gelado e ofegante.

Torcedores de joelhos, sentados, rezando ou com os olhos fixos na bola.

O juiz apita.

Ramón se afasta. Se prepara. TUDO depende somente dele. Todos os outros fizeram a sua parte. Falta apenas aquele chute. Só um chute certo, Ramón!!

Ele corre. A chuteira encosta na bola que parte em desespero para a meta.

A euforia é incontrolável quando mais uma vez a bola deita onde é a sua casa - nas redes de qualquer adversário do IMORTAL TRICOLOR.

O Grêmio parte mais forte do que nunca para as semi-finais e com fome de peixe.

Hoje, dia após a batalha, na coluna do Sant'Anna apenas uma frase está escrita repetidas vezes até preencher o seu espaço no jornal - IMORTAL TRICOLOR.

Nada mais precisa ser dito.

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