Esse foi um e-mail que eu mandei para o meu irmão Guilherme na manhã do dia seguinte do jogo - eu diria batalha - contra o Defensor, onde o Imortal mostrou quem é o real defensor de um objetivo.
Resolvi postar o e-mail pq quando conversava ontem de noite com o Vinícius, um pouco antes de começar o show do Feijoada Completa - grupo do Luis Arnaldo -, ele me comentou sobre o que escreveu no blog dele e eu comentei sobre esse texto, dai ele perguntou pq eu não havia postado.
Segue o texto:
Havia uma tensão no ar que volta e meio era quebrada por um grito. Num campo de batalha pronto para o combate já é possível ouvir o tilintar do metal e os gritos de fúria e dor. A platéia agitada. Olhos desorientados procuravam todos os cantos por nada. Faltam somente 30 minutos agora. Todos irão dormir hoje, mas ninguém acredita que exista sono tranqüilo com uma tragédia.
Três homens de preto percorrem o campo para se certificar de que tudo está em ordem. O campo do Imortal está impecável. O palco espera uma tragédia ou uma comédia.
Foi quando aconteceu o esperado. Dos céus uma música ancestral chamou todos os espectadores a cantar em uni som um grito de guerra enquanto os combatentes entravam em campo correndo como se aquela corrida tivesse começado meses antes e a força ainda explodia no coração de cada um - e provavelmente é assim.
Sajá! Sajá! Sajá! Patrício! Patrício! Patrício! William! William! William!
Lúcio! Lúcio! Lúcio! Teço! Teço! Teço! Gavilan! Gavilan! Gavilan! Sandeu!
Sandro! Sandro! Carlos! Carlos! Carlos! Tuta! Tuta! Tuta! Amoroso! Amoroso!
Amoroso! - gritou uma nação que molhou o campo com sangue e suor!
Os adversários entram em campo violentamente afrontados por milhares de pessoas! Cada um deles pode sentir no seu interior que para todos ali seria questão de vida ou morte. Suas muralhas de concentração e motivação são devastadas pelos gritos espumantes de cada um dos endiabrados seres azuis que pulam ao redor do campo. Eles são vencidos pela torcida. Estão sem apoio e sem confiança.
A batalha começa. Foram 90 minutos onde aquele time que parecia vencedor no primeiro jogo não conseguiu erguer a cabeça e jogar. A massa tricolor encheu os ouvidos e o campo do Monumental. Aos 9 minutos Sandro lança um canhão direto para o gol! A bola é defendida, mas foi como um aviso. Tuta ainda desperdiça dois de cabeça. Está perto. Eis que o Pensador gremista tem a sua chance em uma falta de fora da área. A bola está longe, mas a patada é pesada. O chute sai com tanto veneno que passa por todos na defesa, bate no chão, engana Martín e beija a rede! Os gritos vêm da alma azul que rodeia o espetáculo!
1 X 0.
O segundo tempo seria o para o segundo, já que não tinha mais tempo para nada. Mas foi a vez da grandeza interior falar mais alto. O rebote é do Sandro, ele vê Teço livre e coloca nos pés dele com perfeição para que o zagueiro queime a rede mais uma vez.
2 X 0.
Chegou o segundo tempo. Está tudo igual. Foi um tempo de muita pressão, mas nada para o Imortal pode ser fácil. Tem que ser heróico. Épico! E foi quando chegou a hora dos pênaltis. As duas primeiras cobranças desperdiçadas do adversário e todas revertidas do Imortal deixaram Ramón, a bola, o goleiro e o gol para decidir tudo.
Silêncio devastador.
O Olímpico está gelado e ofegante.
Torcedores de joelhos, sentados, rezando ou com os olhos fixos na bola.
O juiz apita.
Ramón se afasta. Se prepara. TUDO depende somente dele. Todos os outros fizeram a sua parte. Falta apenas aquele chute. Só um chute certo, Ramón!!
Ele corre. A chuteira encosta na bola que parte em desespero para a meta.
A euforia é incontrolável quando mais uma vez a bola deita onde é a sua casa - nas redes de qualquer adversário do IMORTAL TRICOLOR.
O Grêmio parte mais forte do que nunca para as semi-finais e com fome de peixe.
Hoje, dia após a batalha, na coluna do Sant'Anna apenas uma frase está escrita repetidas vezes até preencher o seu espaço no jornal - IMORTAL TRICOLOR.
Nada mais precisa ser dito.
sexta-feira, maio 25, 2007
sexta-feira, maio 04, 2007
CONTOS DA GAVETA
- Detroit 3, chamando! Detroit 3, chamando!
Apenas estática vinha do fone daquele obsoleto telefone vermelho. Contudo, tinha a sua importância, uma vez que era a única peça decorativa e o único meio de comunicação com o mundo que havia dentro daquela sala.
O homem que segurava o telefone permanecia imóvel. Seu terno azul-cinza deixava claro os dias que acompanhava aquele cansado corpo. Cada canto da sala permanecia em quase total silêncio, apenas interrompido pelas baforadas de cigarro, os altos gritos desesperados emitidos ao telefone e pelo zumbido de de dois grande tubos de lâmpadas fluorescentes.
Finalmente, como um boxeador nocauteado a mão que segurava o aparelho encontrou o gancho e colocou um fim à estática. Agora, apenas as baforadas e o zumbido estagnavam o ambiente.
Foi a vez de outro objeto da sala - que, sem contar com uma cadeira de metal, era o último objeto a ser descrito na narrativa dos acontecimentos desta data - a ser foco da atenção do único ser ainda vivo daquela sala: uma escrivaninha.
Uma das gavetas foi aberta. De dentro foi tirado um pequeno frasco contendo uma solução aquosa levemente alaranjada. O cigarro foi ao chão e um sapato terminou o serviço de aniquilá-lo. O frasco foi aberto e a solução escorregou levemente pela garganta do seu portador, que, por sua vez, deixou cair o frasco, sentou flacidamente na cadeira e lá ficou com o corpo completamente solto e com o olhos arregalados encarando o teto.
- Detroit 3, chamando! Detroit 3, chamando!
Apenas estática vinha do fone daquele obsoleto telefone vermelho. Contudo, tinha a sua importância, uma vez que era a única peça decorativa e o único meio de comunicação com o mundo que havia dentro daquela sala.
O homem que segurava o telefone permanecia imóvel. Seu terno azul-cinza deixava claro os dias que acompanhava aquele cansado corpo. Cada canto da sala permanecia em quase total silêncio, apenas interrompido pelas baforadas de cigarro, os altos gritos desesperados emitidos ao telefone e pelo zumbido de de dois grande tubos de lâmpadas fluorescentes.
Finalmente, como um boxeador nocauteado a mão que segurava o aparelho encontrou o gancho e colocou um fim à estática. Agora, apenas as baforadas e o zumbido estagnavam o ambiente.
Foi a vez de outro objeto da sala - que, sem contar com uma cadeira de metal, era o último objeto a ser descrito na narrativa dos acontecimentos desta data - a ser foco da atenção do único ser ainda vivo daquela sala: uma escrivaninha.
Uma das gavetas foi aberta. De dentro foi tirado um pequeno frasco contendo uma solução aquosa levemente alaranjada. O cigarro foi ao chão e um sapato terminou o serviço de aniquilá-lo. O frasco foi aberto e a solução escorregou levemente pela garganta do seu portador, que, por sua vez, deixou cair o frasco, sentou flacidamente na cadeira e lá ficou com o corpo completamente solto e com o olhos arregalados encarando o teto.
quarta-feira, abril 25, 2007
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturinino era de touro, mas isso não importa mais, pois o nada que Saturnino gostava de fazer fez com que ele fizesse a mesma coisa todos os dias, mesmo sem gostar.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturnino era de touro. Também gostava de não fazer nada. Mas isso não valia de nada para o dia-a-dia dele, pois o mundo é um espelho inverso e fazer nada só pode aos domingos e alguns feriados.
Saturinino era de touro, mas isso não importa mais, pois o nada que Saturnino gostava de fazer fez com que ele fizesse a mesma coisa todos os dias, mesmo sem gostar.
terça-feira, abril 17, 2007
terça-feira, abril 10, 2007
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Um ensaio sobre a genialidade
Antes de escrever qualquer coisa sobre este assunto e ser taxado de pretencioso ou arrogante, digo que escrevo a minha opinião. Nada mais e nada menos. Não é onipotente e muito menos uma verdade absoluta, mesmo porque tal coisa não existe - isso é outro assunto.
A genialidade normalmente é descrita por feitos humanos inusitados e originais. Normalmente. Algo prodigioso pode ser considerado genial - e deve. Mas o genial não se detém somente a feitos únicos e revolucionários.
Existe a genialidade mais banal, não pela simplicidade, mas pela cotidiana presença. Acho totalmente genial aqueles que conseguem ver tudo de forma única. Ver uma árvore não como uma árvore mas como aquela árvore ou ver um cachorro como aquele cachorro, e em cada uma dessas situações saber que aquilo é único. Sei que esse tipo de discurso facilmente veste a camiseta de lugar comum como "a vida é genial", mas eu não falo da vida, falo em ver a vida. Olhar e ver. Yussuf, antigamente chamado de Cat Stevens, diz "eu olho e eu vejo", ou seja, eu olho uma casa e eu vejo o que é uma casa - o que é para mim, o que pode ser para quem vive nela, o que virá a ser para seus futuros moradores e demolidores, o que será ali e se será. Muitas vezes esses pensamentos não vão tão longe, mas dar um passo na imaginação é também permitir ver o mundo sempre como é e como pode ser. Ninguém vive no mesmo mundo. A aparente inutilidade de um bando de formigas na grama é igualmente genial quanto anos de pesquisa pelo mapeamento completo do Genoma Humano. Tudo depende de quão genial nós nos permitimos olhar e ver.
Antes de escrever qualquer coisa sobre este assunto e ser taxado de pretencioso ou arrogante, digo que escrevo a minha opinião. Nada mais e nada menos. Não é onipotente e muito menos uma verdade absoluta, mesmo porque tal coisa não existe - isso é outro assunto.
A genialidade normalmente é descrita por feitos humanos inusitados e originais. Normalmente. Algo prodigioso pode ser considerado genial - e deve. Mas o genial não se detém somente a feitos únicos e revolucionários.
Existe a genialidade mais banal, não pela simplicidade, mas pela cotidiana presença. Acho totalmente genial aqueles que conseguem ver tudo de forma única. Ver uma árvore não como uma árvore mas como aquela árvore ou ver um cachorro como aquele cachorro, e em cada uma dessas situações saber que aquilo é único. Sei que esse tipo de discurso facilmente veste a camiseta de lugar comum como "a vida é genial", mas eu não falo da vida, falo em ver a vida. Olhar e ver. Yussuf, antigamente chamado de Cat Stevens, diz "eu olho e eu vejo", ou seja, eu olho uma casa e eu vejo o que é uma casa - o que é para mim, o que pode ser para quem vive nela, o que virá a ser para seus futuros moradores e demolidores, o que será ali e se será. Muitas vezes esses pensamentos não vão tão longe, mas dar um passo na imaginação é também permitir ver o mundo sempre como é e como pode ser. Ninguém vive no mesmo mundo. A aparente inutilidade de um bando de formigas na grama é igualmente genial quanto anos de pesquisa pelo mapeamento completo do Genoma Humano. Tudo depende de quão genial nós nos permitimos olhar e ver.
As vezes eu tenho a nítida sensação de que todas as palavras tem vida própria. Vida não seria a melhor palavra. Vida tem o escritor e suas experiências. Vida tem o leitor e seu deleite. Já as palavras não tem esse tipo de vida. São, assim como os vírus, vivas e mortas.
Quem escreve esta infectado com palavras. Em uma crise de gripe silábica, ele escreve textos ou até mesmo um livro. Aqueles que vivem escrevendo são pobres doentes terminais, fadados a passar sua existência entre duas linhas.
As palavras são vírus que não possuem cura. Quando não estamos sofrendo de seus efeitos maléficos apenas não escrevemos. Quem sabe escrevemos algo por mero instinto hipocondríaco, mas isso não é um efeito claro das palavras.
Quando somos afetados pelos seus efeitos sentimos na hora que elas estão vivas. Que não depende de nós decidir se isso ou aquilo será escrito. Quiçá escolheremos o título dessa febre. As vezes somos acordados para ajeitar as palavras entre si para que não briguem com impiedosos golpes gramaticais. Mas a verdade é que no turbilhão da febre sentimos um calor que vem de dentro e se converte em energia para mover rapidamente nossos dedos, sem fala na velocidade do mundo - ah! A velocidade do mundo - que sem mais nem menos pára e fica num canto perdido. Apenas as palavras andam e nos deixam como espectadores.
Nos momentos de febre, o mundo mais parece o quarto ao lado.
Sei de loucos que voluntariamente se deixam infectar cada vez mais por este mal, lendo livros com milhões de manifestações de outros infectados.
Quem escreve esta infectado com palavras. Em uma crise de gripe silábica, ele escreve textos ou até mesmo um livro. Aqueles que vivem escrevendo são pobres doentes terminais, fadados a passar sua existência entre duas linhas.
As palavras são vírus que não possuem cura. Quando não estamos sofrendo de seus efeitos maléficos apenas não escrevemos. Quem sabe escrevemos algo por mero instinto hipocondríaco, mas isso não é um efeito claro das palavras.
Quando somos afetados pelos seus efeitos sentimos na hora que elas estão vivas. Que não depende de nós decidir se isso ou aquilo será escrito. Quiçá escolheremos o título dessa febre. As vezes somos acordados para ajeitar as palavras entre si para que não briguem com impiedosos golpes gramaticais. Mas a verdade é que no turbilhão da febre sentimos um calor que vem de dentro e se converte em energia para mover rapidamente nossos dedos, sem fala na velocidade do mundo - ah! A velocidade do mundo - que sem mais nem menos pára e fica num canto perdido. Apenas as palavras andam e nos deixam como espectadores.
Nos momentos de febre, o mundo mais parece o quarto ao lado.
Sei de loucos que voluntariamente se deixam infectar cada vez mais por este mal, lendo livros com milhões de manifestações de outros infectados.
sexta-feira, janeiro 26, 2007
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Após anos de clausura domiciliar, tendo suas horas divididas entre livro, poucas refeições e cochilos, ele finalmente sentiu que sua epopéia chegara ao final. Tudo estava pronto. Ele finalmente poderia colocar o seu plano em prática.
Desculpa se não apresentei nosso herói já na primeira linha. Não poderia o fazer sem antes dizer o que ele fazia com o Sol e com a Lua. Falar da família dele muito pouco diria. Amigo - nenhum. Inimigos - afinal, quem realmente sabe quais são nossos inimigos? Muitas vezes somos nós mesmos. Apenas um nome - Lápis.
Lápis abriu a porta de seu apartamento que dava para um beco por volta das 10h da manhã. Apesar da chuva, tinha um forte sol. Efeito muito estranho esse, mas Lápis já sabia que estaria assim. Tudo havia sido programado. Andou até a esquina, passando por um fétido latão de lixo, uma montanha assustadora de sucata e algumas robustas portas de ferro pintadas das mais diversas cores. Nada novo. Ele já sabia de tudo isso.
Chegando na esquina, ele, sem hesitar, olhou para cima, para a esquerda, andou para a direita e quase esbarrou em um hidrante que havia ali. Anos e anos de estudo e não havia previsto o hidrante. Tudo poderia dar certo, mas nada seria perfeito, pois ele quase esbarrou no hidrante. Pensou que anos após a conclusão do seu plano, enquanto estivesse sentado no seu trono de pão-de-mel no topo do monte de marshmellow, muitos dirão que ele havia feito o quase impossível! Algo incrível! Majestoso! Mas! Havia o hidrante. "Realmente ele era humano, pois esqueceu do hidrante", dirão.
Lápis viu que ainda não era a hora. Devia rever todos os seus planos. O lago Machachuta deveria esperar. Um suspiro. Girou nos calcanhares e retornou para o seu apartamento.
Desculpa se não apresentei nosso herói já na primeira linha. Não poderia o fazer sem antes dizer o que ele fazia com o Sol e com a Lua. Falar da família dele muito pouco diria. Amigo - nenhum. Inimigos - afinal, quem realmente sabe quais são nossos inimigos? Muitas vezes somos nós mesmos. Apenas um nome - Lápis.
Lápis abriu a porta de seu apartamento que dava para um beco por volta das 10h da manhã. Apesar da chuva, tinha um forte sol. Efeito muito estranho esse, mas Lápis já sabia que estaria assim. Tudo havia sido programado. Andou até a esquina, passando por um fétido latão de lixo, uma montanha assustadora de sucata e algumas robustas portas de ferro pintadas das mais diversas cores. Nada novo. Ele já sabia de tudo isso.
Chegando na esquina, ele, sem hesitar, olhou para cima, para a esquerda, andou para a direita e quase esbarrou em um hidrante que havia ali. Anos e anos de estudo e não havia previsto o hidrante. Tudo poderia dar certo, mas nada seria perfeito, pois ele quase esbarrou no hidrante. Pensou que anos após a conclusão do seu plano, enquanto estivesse sentado no seu trono de pão-de-mel no topo do monte de marshmellow, muitos dirão que ele havia feito o quase impossível! Algo incrível! Majestoso! Mas! Havia o hidrante. "Realmente ele era humano, pois esqueceu do hidrante", dirão.
Lápis viu que ainda não era a hora. Devia rever todos os seus planos. O lago Machachuta deveria esperar. Um suspiro. Girou nos calcanhares e retornou para o seu apartamento.
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