quarta-feira, novembro 26, 2008

Foi um pouco antes de sair do trabalho que ele recebeu uma estranha ligação que somente mais tarde veio a entender:

- Hospital Moinhos de Vento, Marketing, Lourenço.

Do outro lado da linha silêncio.

- Hospital Moinhos de Vento, Marketing, Lourenço.

A outra pessoa desligou.

Bom, enganos acontecem.

Levantou da cadeira e foi para casa.

Chega em casa. O tempo volta. Liga para o trabalho pois notou que esquecera sua agenda. Alguém atende:

- Hospital Moinhos de Vento, Marketing, Lourenço.



Um história ciclica como as antigas piadas contadas. Aparentemente interessante, mas não contém nenhum porquê de ser escrita.

terça-feira, novembro 11, 2008

Sonhei que me perdia em um grande pomar. Sonhei que andava pelos longos e escuros corredores de maçãs sem saber para onde ir. Andei e zanzei sem ver nada nem ninguém. Era noite. Não. Final de um dia nublado. Tinha um ar parado. O chão era uma mescla de terra e tufos de grama, mas, como em qualquer sonho que se preze, eu não sentia meus pés no chão. Na verdade, não sentia nada. Apenas aquela agonia. Aquela sensação de desamparo.

Foi quando avistei no final de um corredor um gigante caldeirão. Logo em seguida eu já estava ao lado do caldeirão. Meu primo aparecia do meu lado. Eis que surgiu uma grande e feia bruxa com a clara intenção de fazer sopa de garotinhos assustados. Eu corri. Não sei do meu primo. E mesmo correndo, assustado e querendo minha mãe, eu não sentia meus pés no chão.

Eu tinha apenas 5 anos e o que eu me lembro mais nítido desse sonho foi daquilo que eu não tive.

segunda-feira, novembro 10, 2008

É, amiguinho, não é para buscar sanidade quando o mundo é insano. A pessoa se esforça para se ajustar a essa insanidade e fazer das tripas um coração, mal e parcamente, como um gato sob a pata.

Esses dias vi no discovery channel um programa sobre animais venenosos e alguns artifícios de ataque e defesa. Na ocasião uma anta havia ingerido uma planta venenosa. A anta, apesar de não saber que a planta era venenosa, sabia que a morte estava próxima. O veneno no seu estômago causava fortes dores. A anta acabou comendo barro do açude que estava, pois sabia - ou sentia - que o barro, rico em basalto, neutralizaria o veneno. Então, lá estava a anta comendo barro para sobreviver.

Isso faz a gente ver que as vezes a fim de sobreviver todos somos umas antas...

terça-feira, novembro 04, 2008

Quando eu era pequeno, do tipo que vai ao parquinho, que corre atrás de pombos, que quer ter um cachorro, que acha que todas as datas festivas são para ganhar presentes, verão é eterno e o tempo não passa... Quando eu era pequeno eu aprendi que na vida existe o certo e o errado. Que tem coisas que podem e não podem ser feitas. Aprendi que havia um caminho certo. Só que me esqueceram de ensinar que chega uma hora que não existem mais caminhos, mais respostas certas, apenas nossas escolhas. E todas as escolhas inviabilizam outros caminhos. E todos os caminhos criam novas escolhas.

Nós, marinheiros sempre despreparados para as tormentas da vida, seguimos "nessa canoa furada" tentando fazer dessa nossa jornada um caminho para a terra firme.