A cada passo que dava naquela rua, ele pensava em todos os passos que ainda iria dar na sua vida. Quais seriam os passos do dia seguinte? E o que mais o assustava: como serão esses passos? Serão firmes e confiantes? Ou incertos? Única resposta que ele tinha: boa pergunta.
Após alguns passos, ele já havia parado de pensar nisso. Viu mais a frente uma bituca de cigarro acesa. Acertou o passo, mirou e pisou em cima da bituca que imediatamente parou de exalar aquela fumaça espessa e fedorenta. Com desdém ele torceu o pé e por um segundo se sentiu pisando no vício que tentava largar.
Foi que de repente um questionamento lhe veio sem avisar como o telefone tocando quando se está no banho: e os passos que já dei? Tem tantas coisas que ele gostaria de ter feito diferente, mas mesmo assim fica feliz de não poder mudar. O nada que ele fez hoje é o tudo que ele tem.
E foi essa questão que o fez coçar o queixo, chutar a bituca, pensar num amigo que a muito não via e seguir pensando nos passos que ainda dará.