segunda-feira, agosto 23, 2004

Terceiro cigarro e nada.
Deve ser a chuva. Mas como a chuva poderia atrasar alguém
que está a pé se ela parou fazem duas horas? Pelo menos a
noite está agradável e eu tenho
Da janela de seu astra verde escuro, Sara podia ver um
homem dobrando a esquina rapidamente como se o mundo
estivesse olhando ele.
O homem para em frente a um prédio, procura algo no interior
do casaco, abre a porta, entra no prédio e desaparece na bruma
que o envolvia.
A porta se fecha atrás dele.
Último cigarro. Último gole de café.
Hora de agir.
A luz entra no quarto como o primeiro gole d`água depois de
dias de sede. Um homem vestindo uma napa entra apressado
no apartamento abraçado em uma pasta marrom escuro. Ele fecha a porta e volta a ser rodiado pelos braços da escuridão. Mais uma vez a sala é assolada por uma tênua luz que vem de um pequeno abajur numa mesinha ao lado de uma poltrona para revelar uma sala bége, com uma velha televisão perto da janela, a poltrona e seu abajur, duas portas dispostas uma em cada lado da sala e, atrás do homem, uma mulher magra, alta com uma armas equipada com um silenciador e envolta por um saco plástico na mão. A arma é apontada para a nuca do homem que, ao sentir a presença de alguém e o frio toque do cano, fica imóvel e diz:
- Não há mais nada que possa ser feito...
Após uma curta pausa a mulher diz:
_ Há sim.
Três tiros entram no crânio do homem que, antes de tocar o chão, provavelmente já estava morto.

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