Tendo como campo de visão uma sala mau decorada e um corpo estendido no chão, Sara coloca um cigarro entre os dedos, umedece os lábios, leva o cigarro até a boca, tira do bolso interno de seu casaco um isqueiro metálico e acende o cigarro. A primeira tragada soa como um suspiro em chamas, a segunda lhe traz uma sensação nostálgica de que já havia visto aquela cena milhares de vezes, e, de fato ela já havia executado trabalhos semelhantes onde todos os corpos se parecem com o da primeira vítima.
Os 10 segundos que Sara permaneceu ao lado do corpo encarando-o caíram para ela como um filme, onde a sua vida era encenada por pessoas que ela nunca conheceu e em situações que ela não estava, mas era a sua vida, tinha que ser, afinal era a única que ela lembrava.
A alta mulher sai do quarto deixando para trás três balas 9mm presas entre o flácido corpo estendido no chão, sujando o que parecia o único tapete da sala.
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