Queria ser eloqüente nos meus sentimentos e pensamentos como sou quando caminho. Seria mais fácil se eu fizesse parte do mundo. Não digo que não faço. Realmente acredito que faço, acredito que estou aqui. Mas como ter certeza se a única coisa que me mantém em contato com o mundo - aquilo grande e completo que dizem ser real - sou eu mesmo. Quem se dá ao luxo de acreditar piamente no que vê, escuta, sente ou cheira? Quem pode realmente dizer que azul é azul igual ao azul que se vê? Azul é azul? Pizza tem cheiro de quê? De pizza? Mas como é esse cheiro? Não existe nada no mundo que seja real para mais de uma pessoa do mesmo jeito. Tudo no mundo é real para o indivíduo e irreal para o resto. Só pode ser real aquilo que percebemos, além disso, tudo não existe. Podemos até saber que existem outros países, outro mundos, mas eles só se tornaram real quando nós os percebemos. O que seria da curiosidade se tudo fosse real para todos? Nada.
Então, me vejo fechado e sozinho dentro de mim. Tendo como único canal de acesso ao mundo externo o que eu sou. O Eu de Freud. O Nós e o Alex de Roth. O Gárgula de Auster. O Self de Jung. A barata e a boneca de kafka. A Cartomante de Assis. Todos e outros são a única procura coerente que um ser humano pode fazer, a única que talvez possua uma resposta. A eterna procura pelo eu.
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